Tudo começou como de costume, uma fria noite de inverno europeu, uma partida de futebol, um espetáculo no Bataclan, mas o que ninguém esperava era que algo pudesse sair dos planos e fazer com que muitas pessoas não mais pudessem retornar para casa.
Quantos morreram? Quem atacou? Poderia ter sido evitado? Qual o motivo? Qual a razão de tanto ódio? Quem teria a capacidade de matar mais de uma centena de pessoas como se não fossem ninguém? Como pode um ser divino permitir a morte de mais de 150 pessoas em seu nome?
São todas dúvidas terríveis, cruéis e até o momento sem resposta oficial, mas que estão amargurando o sono de toda uma sociedade, famílias, amigos e autoridades. Pior, descobriu-se nas últimas horas através do Portal “Site” (que monitora as atividades dos jihadistas na internet) que o grupo terrorista Estado Islâmico assumiu a autoria dos ataques.
Segundo a diretora do portal, Rita Katz, a revista do Estado Islâmico, a “Dabiq”, escreveu que a França “manda seus ataques aéreos para a Síria diariamente” e que essas ações “matam crianças e idosos”. “Hoje vocês estão bebendo do mesmo cálice”, escreveu a publicação.
Com base no atentado efetuado pelo EL, podemos concluir que os jihadistas estão tentando implantar o medo, criar o caos social e principalmente travar a entrada do povo sírio na Europa.
Atitude que, até então, na opinião pública está dando certo, pois não vai ser difícil encontrar pessoas publicando que devemos fechar as fronteiras, que eles não devem ser bem-vindos nem no Brasil pois poderão trazer terroristas e se esquecem que na verdade é um povo que está tentando fugir das garras dos terroristas, da tortura, da morte por questões religiosas e da perseguição pelo simples fato de “Alá” mandar.
É uma triste noite para a família dos envolvidos, para a sociedade francesa e para o ocidente, mas me preocupo, também, com a perseguição injusta que aqueles que apenas estão tentando escapar do EL irão sofrer, se voltarem o EL mata e se ficarem serão os “terroristas”. Me parece bem aquele velho ditado: Se correr o bicho pega e ficar o bicho come.
Infelizmente ainda é possível ver, em pleno século 21, as pessoas cometerem este tipo de atrocidade em prol da religião, em defesa de uma certa entidade divina. Não bastassem executar os atos, acreditam ter o direito de julgar, condenar e matar seguindo a “lei divina”, sem que exista uma possibilidade de defesa, crime ou até mesmo algo que possa ter gerado um conflito.
Por “coincidência”, foi numa sexta-feira 13 em Paris que foram presos os cavaleiros templários e levados a julgamento e morte por motivos religiosos.
Espero não ouvir mais notificas trágicas até o termino deste dia, pois nos últimos 15 dias ouvimos falar do rompimento de uma barragem no Brasil que matou e desabrigou centenas de pessoas, assim como de terremotos no Japão e, no final, chegou ao ápice com essa barbárie na França.
Por fim, dediquem um minuto de seu dia hoje para todos aqueles que perderam a vida nesta última sexta-feira na França, assim como para todos aqueles que vem perdendo a vida pela perseguição do EL, para aqueles que morrem durante a fuga para a Europa, assim como para aqueles que ficaram desabrigados e morreram no rompimento da barragem no Brasil.
Akio Maluf Sasaki é acadêmico de Direito da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), atua em cooperação internacional do turismo – akio@pontodeapoioturismo.com.br