Pela primeira em seis meses o percentual de famílias com dívidas ou contas em atraso aumentou no país. É o que aponta a Peic (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor) divulgada nesta quarta-feira (4) pela CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo).
O levantamento, feito em março, mostrou que o subiu de 24,9% para 25,2% o percentual de famílias inadimplentes. Desde setembro, quando aumentou de 25,9% para 26,5%, o indicador vinha registrando quedas consecutivas.
Também aumentou o percentual de famílias que declararam não ter condições de pagar suas contas ou dívidas em atraso – de 9,7% em fevereiro para 10,0% em março. No entanto, este indicador sofreu queda na comparação com março do ano passado, quando chegou a 10,4%.
Já a proporção de famílias endividadas se manteve estável nos 61,2% registrados em fevereiro, mas teve alta de 0,4 ponto percentual em relação a março do ano passado.
Ainda segundo a CNC, o cartão de crédito permanece o maior vilão do endividamento: 76,4% das famílias endividadas tinham débitos com cartão. No ano passado, o Banco Central mudou as regras para uso do crédito rotativo do cartão, que é quando o cliente não paga o total da fatura. Desde então, o consumidor só pode fazer o pagamento mínimo de 15% do cartão por um mês. Na fatura seguinte, o banco não pode mais estender a dívida e o cliente tem que escolher entre pagar o valor total ou parcelar o débito, com juros mais baixos.
O objetivo da medida, segundo o governo, era reduzir os juros do rotativo, que ultrapassava os 500% ao ano. Esse resultado foi parcialmente alcançado, uma vez que essa taxa tem caído gradualmente. Entretanto, a taxa ainda se encontra em patamar muito elevado.
Logo em seguida do cartão de crédito, vêm os carnês (16,6%) e, em terceiro lugar, o crédito pessoal (10,4%).
Ao analisar o nível de endividamento, a CNC constatou aumento na proporção de famílias que se declararam muito endividadas – passou de 13,6% em fevereiro para 14,1%. Na comparação anual, porém, esta proporção teve queda de 0,6 ponto percentual.
Na análise feita pela entidade, esta queda na comparação anual se deve à redução das taxas de juros e à recuperação da massa de rendimento da população.
Outro dado observado na pesquisa é o tempo médio de atraso para o pagamento de dívidas: caiu de 64,8 dias registrados em março de 2017 para 64,4 dias este ano.