25 C
Remanso, BR
23 de abril de 2024
Remanso News
  • Home
  • Brasil
  • Secretários estaduais de saúde: Bolsonaro ‘dificulta o trabalho de todos’
Brasil

Secretários estaduais de saúde: Bolsonaro ‘dificulta o trabalho de todos’

O Conselho Nacional dos Secretários da Saúde (Conass) afirmou, em carta divulgada nas redes sociais, que o pronunciamento do presidente Jair Bosonaro sobre o novo coronavirus em cadeia aberta de rádio e televisão é uma “tentativa de desmobilizar a sociedade brasileira, as autoridades sanitárias de todo o país” e que a declaração “dificulta o trabalho de todos, inclusive de seu ministro [da Saúde, Luiz Henrique Mandetta] e técnicos”.

O conselho, formado por secretários estaduais de saúde, se disse “estarrecido” com o discurso do presidente.

“Ao invés de desfazer todo o esforço e sacrifício que temos feito junto com o povo brasileiro, negando todas as recomendações tecnicamente embasadas e defendidas, inclusive, pelo seu Ministério da Saúde, deveríamos ver o Presidente da República liderando a luta, contribuindo para este esforço e conduzindo a nação para onde se espera de seu principal governante: um lugar seguro para se viver, com saúde e bem estar”, diz um trecho da carta.

Em pouco mais de quatro minutos, Bolsonaro criticou, nesta terça-feira 24, a imprensa, repreendeu governadores e falou novamente em “histeria” e “resfriadinho”. “O vírus chegou, está sendo enfrentado por nós e brevemente passará”, afirmou. O presidente também pediu o fim do “confinamento em massa” e a reabertura das escolas. “Algumas poucas autoridades estaduais e municipais devem abandonar o conceito de terra arrasada, a proibição de transportes, o fechamento de comércio e o confinamento em massa. O que se passa no mundo tem mostrado que o grupo de risco é o das pessoas acima dos 60 anos. Então, por que fechar escolas?”

O pronunciamento teve uma repercussão negativa entre parlamentares. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), afirmou, em nota, que “neste momento grave, o país precisa de uma liderança séria, responsável e comprometida com a vida e a saúde da sua população”. “Consideramos grave a posição externada pelo presidente da República hoje, em cadeia nacional, de ataque às medidas de contenção ao Covid-19. Posição que está na contramão das ações adotadas em outros países e sugeridas pela própria Organização Mundial da Saúde (OMS)”, complementou.

Na carta, os secretários de saúde afirmam que não é possível “permitir o dissenso e a dubiedade de condução do enfrentamento à Covid-19. Assim, é preciso que seja reparado o que nos parece ser um grave erro do Presidente da República”. “Ao invés de desfazer todo o esforço e sacrifício que temos feito junto com o povo brasileiro, negando todas as recomendações tecnicamente embasadas e defendidas, inclusive, pelo seu Ministério da Saúde, deveríamos ver o Presidente da República liderando a luta, contribuindo para este esforço e conduzindo a nação para onde se espera de seu principal governante: um lugar seguro para se viver, com saúde e bem estar”, diz o texto.

Os secretários afirmam, ainda, que “com saúde não se pode brincar e nem fazer apostas, diante do risco que corremos. É preciso discernimento, coragem e determinação para liderar, unificar e auxiliar a nação a superar mais este desafio de Emergência em Saúde Pública. A carta é finalizada com a hashtag #FicaEmCasa.

Leia abaixo a íntegra da carta do Conass:

Carta dos Secretários Estaduais de Saúde do Brasil após pronunciamento do Presidente da República

Assistimos estarrecidos ao pronunciamento em cadeia nacional do Presidente da República, Jair

Bolsonaro.

É preciso demonstrar ao Brasil as suas consequências e a necessidade de que a população

perceba a gravidade do momento que estamos vivendo. Temos, juntamente com o Ministério da Saúde, os municípios e a própria sociedade brasileira, empreendido uma intensa luta no enfrentamento da Covid-19.

Luta que envolve trabalho, sacrifício, solidariedade, empatia, compaixão com o sofrimento das pessoas e que depende de maneira imprescindível do alinhamento de entendimento e de ações, assim como da união de esforços e de uma direção única e firme.

Todas as decisões e recomendações do Conass e do Ministério da Saúde têm se baseado em evidências científicas, na realidade nacional e internacional e buscado inspiração nas melhores práticas e exemplos de condutas exitosas ao redor do mundo.

É este o esforço que temos empreendido em defesa de nossa pátria e de nossos irmãos e irmãs brasileiros. É dessa forma, desassombrada e corajosa, na direção correta que queremos seguir na missão de defender nossa gente.

Não temos qualquer intenção de politizar o problema. Temos construído, sem dificuldade, independente de colorações partidárias, políticas e ideológicas, consensos para o bem do Sistema Único de Saúde – o SUS e, sobretudo com a saúde do povo brasileiro. Este é nosso compromisso. É isso que norteia nossas ações e esforços. Já temos dificuldades demais para enfrentar.

Não podemos permitir o dissenso e a dubiedade de condução do enfrentamento à Covid-19. Assim, é preciso que seja reparado o que nos parece ser um grave erro do Presidente da República.

Ao invés de desfazer todo o esforço e sacrifício que temos feito junto com o povo brasileiro, negando todas as recomendações tecnicamente embasadas e defendidas, inclusive, pelo seu Ministério da Saúde, deveríamos ver o Presidente da República liderando a luta, contribuindo para este esforço e conduzindo a nação para onde se espera de seu principal governante: um lugar seguro para se viver, com saúde e bem estar.

Infelizmente o que vimos em seu pronunciamento foi uma tentativa de desmobilizar a sociedade brasileira, as autoridades sanitárias de todo o país. Sua fala dificulta o trabalho de todos, inclusive de seu ministro e técnicos.

Todo o apoio à atuação do Ministério da Saúde e sua equipe, que tem trabalhado técnica e cientificamente em todos os momentos. Com saúde não se pode brincar e nem fazer apostas, diante do risco que corremos. É preciso discernimento, coragem e determinação para liderar, unificar e auxiliar a nação a superar mais este desafio de Emergência em Saúde Pública.

Temos plena consciência de que o Brasil e o mundo irá enfrentar uma grave recessão econômica, aprofundamento das desigualdades sociais e empobrecimento. A economia, com trabalho, disciplina, organização e espírito público, se recuperará. Seremos solidários e trabalharemos sem descanso para permitir uma rápida recuperação da nossa economia.

Mas é preciso que se entenda, vidas perdidas, não serão recuperadas jamais. Que Deus abençoe cada um de nós que temos trabalhado intensivamente e dormido pouco. Que Deus abençoe e proteja todos os brasileiros e brasileiras.

#ficaemcasa

Veja/ Secretários de Estado da Saúde do Brasil

Posts relacionados

Vírus de WhatsApp que promete recarga de celular grátis já atingiu 25 mil pessoas

Redação Remanso News

Gosto por carros, PIB e energia limpa colocam Brasil no centro da estratégia da BYD fora da China

Redação Remanso News

Se for mesmo afastada, Dilma deve passar até oito meses fora do Brasil

Redação Remanso News

Bolsa Família reduziu 25% da taxa de extrema pobreza, aponta Ipea

Redação Remanso News

Regras do auxílio emergencial podem congelar salários de servidores por 3 anos

Redação Remanso News

Bancos reabrem ao meio dia desta quarta-feira de cinzas

Redação Remanso News

Deixe um comentário