O presidente Jair Bolsonaro esteve ontem na Bahia para visitar as obras da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (FIOL), na cidade de Tanhaçu, sudoeste do estado. Na ocasião, culpou os governadores pela inflação alta no país. O chefe do Palácio do Planalto participou da cerimônia de formalização do contrato de concessão do trecho de 537 km da via. “É muito bom voltar à Bahia e cada vez mais vê-la verde e amarela”, discursou, na ocasião.
Durante a fala, Bolsonaro voltou a subir o tom contra instituições e reafirmou a participação nos atos de 7 de Setembro e destacou que não precisa sair das “quatro linhas da Constituição”, porém se alguém o fizer, “vamos mostrar que nós podemos fazer também”. ”Não criticamos forças e Poderes. Mas não podemos admitir uma ou duas pessoas querendo dar um outro rumo ao país. Essas uma ou duas pessoas têm que entender o seu lugar. Vocês, povo brasileiro nas ruas, darão o ultimato para essas pessoas”, discursou, sem mencionar nomes.
A cerimônia contou com a presença de autoridades, como o ministro da Infraestrutura Tarcísio Gomes de Freitas, o ministro do Turismo Gilson Machado e o CEO da Bamin Eduardo Ledsham – além de convidados, como o pastor Silas Malafaia. Também estava presente o ministro da Cidadania, João Roma (Republicanos).
Ainda no evento, Bolsonaro teceu ataques ao governador da Bahia, Rui Costa (PT), ao comentar a inflação em descontrole no Brasil. “Muitos governadores, incluindo deste estado aqui, que prejudicaram o seu povo. Eles que tiraram o emprego de vocês. A consequência de medidas ditatoriais como lockdown, confinamento, o famoso ‘fique em casa’. O mundo todo vive inflação nos alimentos, alguns países já têm escassez, mas aqui não faltou. Alguns preços aumentaram, como o do combustível. Mas isso acontece pelo ICMS do governador. O preço do gás de cozinha também. Eu zerei os impostos, mas a culpa é do governador”.
O avião presidencial pousou no Aeroporto Glauber Rocha, em Vitória da Conquista, por volta das 8h30. De lá, Bolsonaro seguiu de helicóptero para Tanhaçu, onde chegou cerca de uma hora depois. Ele cumprimentou apoiadores que estavam do lado de fora do evento. Mesmo com a obrigatoriedade do uso da máscara na Bahia, o presidente não fez uso do equipamento de proteção.
FIOL - Concedida em leilão realizado em abril, a Fiol, cujo primeiro trecho vai de Ilhéus, no litoral, a Caetité, interior baiano, tem investimentos previstos em R$ 3,3 bilhões. Em um primeiro momento, 16 locomotivas e 1,4 mil vagões estarão em operação, dos quais, pelo menos, 1,1 mil serão destinados ao escoamento de minério de ferro.
“É muito importante a presença do presidente para assinar o contrato de concessão da Fiol, dada a sua relevância para a Bahia. A gente está falando do projeto mais estruturante do estado. Um projeto que vai atender o setor mineral, num primeiro momento, e que depois vai atender também ao agronegócio, que cresce a taxas impressionantes, sobretudo no Oeste”, disse o ministro Tarcísio Gomes.
A expectativa é que a Fiol 1 comece a operar em 2025, transportando mais de 18 milhões de toneladas de carga. Em 10 anos, ainda de acordo com o Minfra, o volume de carga deve mais do que dobrar, superando 50 milhões de toneladas em 2035 – e chegar a 34 locomotivas e 2,6 mil vagões.
Neste segmento, o traçado da ferrovia atravessa as cidades de Ilhéus, Uruçuca, Aureliano Leal, Ubaitaba, Gongogi, Itagibá, Itagi, Jequié, Manoel Vitorino, Mirante, Tanhaçu, Aracatu, Brumado, Livramento de Nossa Senhora, Lagoa Real, Rio do Antônio, Ibiassucê e Caetité (todas na Bahia).
Tribuna da Bahia
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