23.9 C
Remanso, BR
27 de março de 2025
Remanso News
  • Home
  • Destaque
  • Embrapa Semiárido completa 50 anos impulsionando a ciência e a inovação no Sertão
Destaque Juazeiro

Embrapa Semiárido completa 50 anos impulsionando a ciência e a inovação no Sertão

A Embrapa Semiárido completa meio século de história consolidando-se como uma das principais instituições de pesquisa e inovação voltadas para o desenvolvimento sustentável da região mais árida do Brasil.

Fundada em 10 de março de 1975, em Petrolina (PE), a Unidade atua em um vasto território que corresponde a cerca de 12% do país, abrangendo todos os estados do Nordeste e partes de Minas Gerais e Espírito Santo.

“O cinquentenário da Embrapa Semiárido marca o papel da instituição no apoio à inovação e ao desenvolvimento científico e tecnológico da região. Chegar a essa marca sendo uma instituição referência para o Semiárido é uma oportunidade de reflexão e reconhecimento da jornada percorrida, das conquistas alcançadas, dos desafios superados, e também de olhar para o futuro”, destaca a chefe-geral interina da Embrapa Semiárido, Lúcia Helena Piedade Kiill.

A instituição viabilizou soluções tecnológicas fundamentais para a agropecuária regional, contribuindo para o aumento da produtividade e a melhoria da qualidade de vida dos agricultores do Semiárido, tornando a região um dos mais importantes polos produtores e exportadores do país. Essa trajetória de sucesso, no entanto, não foi construída sem desafios.

Nos anos 1970, o interior do Nordeste sofria com escassez de água, abastecimento precário e uma agropecuária de baixa produtividade, impactada pela irregularidade das chuvas. Foi nesse contexto que o então Centro de Pesquisa Agropecuária do Trópico Semiárido (CPATSA), hoje Embrapa Semiárido, iniciou um processo de transformação tecnológica, investindo em pesquisas para viabilizar a produção mesmo sob condições climáticas adversas.

Ao longo desses 50 anos, a instituição foi decisiva para consolidar uma nova abordagem para o Semiárido: em vez de combater a seca, passou a promover estratégias de convivência e adaptação à realidade climática local. O avanço tecnológico impulsionou a produção com o desenvolvimento de cultivares adaptadas ao calor do sertão, técnicas de manejo para fortalecer a fruticultura e a pecuária, sistemas de captação e armazenamento de água, além de iniciativas para conservação dos recursos naturais e inclusão socioprodutiva das comunidades rurais.

Atualmente, as pesquisas da Unidade estão estruturadas em três grandes eixos: Recursos Naturais, Agricultura Irrigada e Agropecuária Dependente de Chuva. Esse modelo tem impulsionado avanços significativos na adaptação de culturas agrícolas, no uso eficiente da água e na valorização do Bioma Caatinga.

De acordo com o chefe adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento, Carlos Gava, a Embrapa Semiárido tem um histórico consistente de entrega de resultados de pesquisa com soluções para as limitações impostas pelas condições do Semiárido à produção agrícola. “Hoje, a Unidade debruça-se sobre o desenvolvimento de pesquisa que permitam aumentar a competitividade agrícola da região, se preocupando com a sua sustentabilidade ambiental, econômica e social, em um cenário desafiante do ponto de vista de clima e solo.”, ressalta.

Nesse cenário, segundo Gava, as ações de pesquisa se dedicam, por um lado, a promover a inclusão socioprodutiva no Semiárido e, por outro, aumentar a competitividade de todo o setor agropecuário regional, com iniciativas que vão desde os estudos para exploração sustentável da Caatinga até aquelas envolvendo as técnicas mais modernas utilizadas no país, como a edição gênica de bioinsumos – aumentando sua eficiência quando aplicados na agricultura – e o uso da técnica de RNA interferente para o controle de insetos praga.

Legado de Pesquisa

A fruticultura irrigada do Vale do São Francisco é hoje uma potência nacional, responsável por 91% das exportações de manga e 98% das de uva do país. Mas essa trajetória de sucesso não teria sido possível sem a contribuição da Embrapa Semiárido. Foi a pesquisa da instituição que deu o impulso decisivo para o setor, com o desenvolvimento de tecnologias como o uso de reguladores vegetais para induzir a floração em qualquer época do ano. A técnica permitiu aos produtores de manga planejar colheitas estratégicas e maximizar lucros. A isso se somaram inovações no manejo da copa, na nutrição das plantas, na irrigação e na pós-colheita, consolidando o Vale como líder na exportação de frutas tropicais.

A Unidade teve ainda papel decisivo na adaptação de cultivares de uva ao clima do Semiárido e na implementação do programa de Produção Integrada (PI) para manga, uva e melão. Mais recentemente, lançou a BRS Tainá, uma variedade de uva de mesa branca sem sementes, e o porta-enxerto BRS Guaraçá, primeira cultivar resistente ao nematoide-das-galhas, principal ameaça à produção de goiaba no Brasil. Com esse porta-enxerto, tornou-se possível retomar a cultura da goiabeira em áreas antes inviabilizadas pela praga.

Outra conquista foi a viabilização do cultivo de frutas de clima temperado, como pera e caqui, no sertão nordestino. A Embrapa Semiárido também se destaca no desenvolvimento e recomendação de práticas agropecuárias, incluindo métodos para multiplicação de parasitóides exóticos no controle biológico da mosca-das-frutas, além do manejo integrado de pragas do melão e de podridões na manga.

Na pecuária, a pesquisa tem sido fundamental para a adaptação de sistemas produtivos ao Semiárido. A adoção de sistemas sustentáveis, como a integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF), e o uso de forrageiras nativas e exóticas têm fortalecido a resiliência dos rebanhos. Como resultados, a produtividade da caprinovinocultura e da bovinocultura leiteira cresceu acima da média da pecuária extensiva tradicional.

Inovação para a convivência com o Semiárido

Além da produção animal e vegetal, a Embrapa Semiárido desempenha um papel estratégico na gestão da água em pequenas propriedades, desenvolvendo e aprimorando tecnologias como cisternas, barreiros, barragens subterrâneas e sistemas integrados de produção com reuso de águas cinza. As pesquisas da instituição têm servido de base para políticas públicas e programas como o P1+2, que viabiliza o armazenamento de água em cisternas para abastecimento familiar, e o Programa Água Doce, que implementa dessalinizadores e promove o reaproveitamento sustentável dos rejeitos na produção agropecuária.

A Unidade também desenvolveu cultivares adaptadas às condições do Semiárido, como a cebola BRS Alfa São Francisco, o feijão-caupi tolerante à seca, clones de umbuzeiro e a primeira variedade de maracujá-da-caatinga, a BRS Sertão Forte.

Por meio de seus Bancos Ativos de Germoplasma (BAGs) e coleções, a Embrapa Semiárido tem contribuído para a conservação da variabilidade genética de plantas essenciais à agricultura e à sustentabilidade da região, incluindo cucurbitáceas, forrageiras, manga, maracujá-do-mato, palma forrageira, acerola, araçá e videira. Além disso, mantém o Núcleo de Conservação do Gado Sindi, contribuindo para a valorização e a adaptação da pecuária ao clima semiárido.

A Unidade possui ainda uma rede de estações agrometeorológicas automatizadas, que fornecem dados em tempo real para auxiliar os agricultores locais na tomada de decisões mais precisas sobre o manejo da irrigação, reduzindo desperdícios e otimizando o uso da água.

Como explica o chefe adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Semiárido, todas essas tecnologias geradas pela Empresa chegam aos produtores por meio de parcerias com órgãos governamentais, não governamentais, empresas, associações e cooperativas de produtores, que viabilizam diversas ações , como demonstrações de campo, realização e participação em feiras e eventos agrícolas, com destaque para o Semiárido Show. Também são realizados cursos presenciais e virtuais, visitas técnicas e publicações técnico científicas. Para Paes, “essas ações contribuem para a geração de impactos no aumento da produtividade, na redução de custos, melhorias na qualidade dos produtos, aumento da sustentabilidade e na melhoria da gestão das propriedades rurais”.

Compromisso com o Bioma Caatinga

A Caatinga, único bioma exclusivamente brasileiro, é outro objeto de pesquisa da Embrapa Semiárido. A instituição atua na conservação e no manejo sustentável dos recursos naturais, promovendo o uso racional da biodiversidade local. Espécies nativas são estudadas para diversas finalidades, desde a alimentação animal até aplicações medicinais, enquanto programas de recuperação de áreas degradadas buscam mitigar os impactos da exploração agropecuária.

A prospecção de microrganismos da Caatinga com potencial para a aplicação na agricultura é outra linha de atuação que tem se mostrado promissora, abrindo novas possibilidades para a sustentabilidade no campo.

Para fortalecer a agricultura familiar, a Embrapa Semiárido realiza eventos como o Semiárido Show, que a cada dois anos, apresenta a um grande público um portfólio de mais de 100 tecnologias voltadas ao desenvolvimento sustentável da região. A Feira se tornou um espaço essencial para o intercâmbio de conhecimentos entre pesquisadores, produtores e gestores públicos.

Rumo ao futuro

Ao longo dessas cinco décadas, a Embrapa Semiárido não apenas desenvolveu tecnologias, mas transformou a realidade de muitos agricultores do sertão. Com um olhar voltado para o futuro, a Unidade segue inovando, atenta às mudanças climáticas e fortalecendo parcerias estratégicas para garantir maior segurança alimentar e impulsionar ainda mais a agropecuária regional.

”A capacidade de se reinventar e responder a novos desafios torna a Embrapa Semiárido uma instituição resiliente e indispensável para continuar contribuindo para o desenvolvimento regional”, destaca a chefe-geral interina Lúcia Kiill. Ela avalia que os próximos anos serão fundamentais para consolidar as ações da Unidade na geração de soluções tecnológicas visando o desenvolvimento sustentável, continuando assim sua trajetória de excelência e inovação.

Ascom

Publicidade

Posts relacionados

Bolsonaro anuncia que Ministério do Trabalho será extinto

Redação Remanso News

Estiagem: Estado reconhece situação de emergência em Juazeiro e mais 145 cidades baianas

Redação Remanso News

Comandante do CPRN visita delegados da Policia Civil de Juazeiro

Redação Remanso News

APLB confirma retorno das aulas semipresenciais na rede estadual da Bahia em setembro

Redação Remanso News

SESAU apresenta boletim com 69 novos casos, 23 curas clínicas e lamenta mais um óbito em Juazeiro

Redação Remanso News

Ex-presidente Lula recebe 2ª dose da vacina contra Covid

Redação Remanso News

1 comentário

Deixe um comentário