Dados da Rede de Observatórios da Segurança indicam que 97% das pessoas mortas pela polícia na Bahia são negras

O vereador Hamilton Assis (PSOL) criticou o programa Bahia pela Paz, lançado pelo governo de Jerônimo Rodrigues (PT) como uma “nova política de segurança pública”. Para o edil, há uma contradição entre o discurso de modernização, sustentado em inteligência policial, e o aumento das mortes de jovens negros nas periferias de Salvador.
“Enquanto o governo [do Estado] fala em inteligência artificial, câmeras corporais e caravanas de empreendedorismo, as mães de Salvador estão enterrando seus filhos vítimas de operações policiais”, afirmou Hamilton Assis.
Dados da Rede de Observatórios da Segurança indicam que 97% das pessoas mortas pela polícia na Bahia são negras. O estado, governado por Jerônimo Rodrigues, também lidera o número de mortes em operações policiais no Nordeste.
Segundo o governo, o Bahia pela Paz tem como objetivo “diminuir a violência letal, especialmente contra jovens negros e da periferia”. Hamilton, no entanto, disse que a prática está distante da promessa e lembrou que o programa, aprovado em 2024 pela Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), foi criticado por pesquisadores da Universidade Federal da Bahia (UFBA).
“É um discurso bonito, mas vazio. O governo simplesmente ignorou os especialistas. Hoje, temos que perguntar ao governador Jerônimo Rodrigues o objetivo de investir R$ 234 milhões em um programa que já nasce fadado ao insucesso. Não existe política de segurança eficaz enquanto o Estado enxergar a juventude negra como alvo e não como sujeito de direitos”, declarou.
O vereador do PSOL também cobrou mais transparência na execução do programa, presença efetiva do Estado nas comunidades e a construção de uma política de segurança baseada em prevenção, oportunidades e reparação. Ele defendeu ainda que a Câmara Municipal de Salvador (CMS) e a sociedade civil acompanhem a aplicação do projeto para garantir “que não se torne apenas um slogan publicitário, mas um compromisso concreto com a vida da população negra”.
Por Mateus Soares


