9 de novembro de 2025
Remanso News
  • Home
  • Destaque
  • Desastres acumulam prejuízos de R$ 51,4 bilhões na Bahia
Destaque Geral

Desastres acumulam prejuízos de R$ 51,4 bilhões na Bahia

O estudo aponta que 67% dos municípios afirmaram precisar de auxílio financeiro para ações de prevenção, enquanto 56% relataram falta de assistência técnica para avaliar danos e prejuízos

Foto: Reginaldo Ipê/TribunadaBahia

Secas prolongadas, enchentes devastadoras e deslizamentos de terra têm deixado marcas profundas na Bahia e em todo o Brasil. Um estudo inédito da Confederação Nacional de Municípios (CNM) revela a dimensão desses impactos: entre 2013 e 2024, os desastres naturais provocaram um prejuízo estimado em R$ 732,2 bilhões no país, sendo R$ 51,4 bilhões apenas na Bahia. O levantamento mostra que 95% dos municípios brasileiros decretaram ao menos uma vez Situação de Emergência ou Estado de Calamidade Pública nesse período — e o estado baiano aparece entre os mais afetados, com 4.016 decretos motivados por seca ou estiagem.

Para o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, o dado reforça a urgência de uma política integrada de prevenção. Ele afirma que o fortalecimento das defesas civis locais exige articulação permanente entre União, Estados e Municípios, com apoio técnico e financeiro contínuo. O levantamento mostra que apenas 12% das cidades brasileiras possuem órgão próprio de defesa civil vinculado a uma secretaria específica, enquanto quase metade acumula essa função em outros setores da administração e 32% subordinam a estrutura diretamente ao gabinete do prefeito.

Na Bahia, a realidade é igualmente frágil. O estudo aponta que 67% dos municípios afirmaram precisar de auxílio financeiro para ações de prevenção, enquanto 56% relataram falta de assistência técnica para avaliar danos e prejuízos. Mais de 70% das prefeituras têm gastos mensais com defesa civil inferiores a R$ 50 mil, valor insuficiente diante da magnitude dos desafios. Somente os prejuízos públicos no estado somaram R$ 9,5 bilhões, e as perdas habitacionais chegaram a R$ 1,4 bilhão.

A coordenação das ações de proteção e defesa civil na Bahia é feita pela Superintendência de Proteção e Defesa Civil (Sudec), vinculada à Casa Civil do Governo do Estado. O órgão atua em parceria com prefeituras e instituições federais no monitoramento de áreas de risco, no apoio a famílias atingidas e na execução de planos de prevenção. Nos últimos anos, a Sudec ampliou a assistência aos municípios impactados por enchentes e estiagens, especialmente nas regiões do extremo sul, do semiárido e do Recôncavo, e passou a integrar a Estratégia Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais, coordenada pelo Cemaden.

Moradora de Itabela, municipio baiano, Carla Costa descreveu o cenário como “um esforço de sobrevivência”. Segundo ela, “quando a enxurrada chega ou a estiagem se prolonga, nossa estrutura de defesa civil é mínima: poucos servidores para atendimento, sem dotação específica na lei orçamentária, sem fundo municipal e sem consórcio de municípios”. A situação relatada é comum em várias cidades e reforça a constatação do estudo: apenas 15% dos municípios brasileiros participam de consórcios intermunicipais voltados à defesa civil, e 65% ainda não criaram fundos próprios para essa finalidade.

Especialistas em políticas públicas alertam que a cultura de resposta ainda prevalece sobre a de prevenção. Para a pesquisadora Glória Santos, o Brasil e, particularmente, a Bahia, precisam mudar a forma de lidar com os riscos ambientais. “Não basta emitir decretos emergenciais quando o desastre já aconteceu. É preciso investir em prevenção, capacitação, planejamento urbano, saneamento e uso estratégico de tecnologia para reduzir vulnerabilidades. Na Bahia, o impacto da seca e das chuvas intensas se repete porque a estrutura local continua com fragilidades graves”, afirma.

Os dados da CNM mostram que a seca e a estiagem são responsáveis por mais da metade dos prejuízos nacionais — R$ 413,2 bilhões — e que a Bahia figura entre os estados com maior número de decretos relacionados a esses fenômenos. O problema, no entanto, não é apenas econômico. Entre 2013 e 2024, mais de 74,9 mil pessoas foram desabrigadas no estado em decorrência de desastres naturais.

A CNM defende que o caminho para reduzir os impactos passa por capacitação permanente dos servidores municipais, fortalecimento dos consórcios intermunicipais, criação de fundos próprios e previsão orçamentária específica nas leis municipais. A entidade também chama atenção para a baixa execução dos recursos federais: entre 2013 e 2024, foram autorizados R$ 13,4 bilhões para gestão de riscos, mas apenas R$ 5,3 bilhões — 39,8% do total — chegaram de fato aos municípios.

Na Bahia, cada enchente, deslizamento ou período de seca prolongada representa mais que números em relatórios: são vidas, casas e produções rurais afetadas. O estudo da CNM serve como alerta de que os desastres não são eventos isolados, mas reflexos de vulnerabilidades acumuladas. Em um estado de dimensões continentais e múltiplos riscos, investir em prevenção e fortalecer a estrutura municipal de defesa civil é uma urgência que já não pode ser adiada. 

Posts relacionados

Seleção de Remanso está na final do Campeonato de Anísio de Abreu 2015

Redação Remanso News

Segunda Turma do STF vai julgar novo habeas corpus de Lula

Redação Remanso News

Ipespe: Lula lidera com 47% ranking de quem seria bom presidente

Redação Remanso News

Governo da Bahia deve anunciar nesta semana o retorno das aulas remotas na rede estadual

Redação Remanso News

Banda tem carro e instrumentos roubados quando se preparava para tocar na Bahia

Redação Remanso News

PRF deflagra operação para fiscalização de motocicletas

Redação Remanso News

Deixe um comentário