Encontro promovido pela Unicef e parceiros discutiu os desafios do letramento no Brasil com base nos dados do INAF 2024 e destacou a importância da educação para o acesso a empregos de qualidade

O diretor de Políticas de Trabalho para a Juventude do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), João Victor Motta, participou, nesta terça-feira (15), do debate “Inclusão produtiva das juventudes e alfabetismo funcional: que desafios se impõem?”, realizado no auditório do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), em Brasília.
A discussão teve como base os dados do Indicador de Alfabetismo Funcional (INAF) 2024, elaborado pela organização não governamental Ação Educativa. O evento foi promovido pela Unicef, pelo Instituto Conhecimento Social e pelo Pacto Nacional pela Inclusão Produtiva das Juventudes, iniciativa coordenada, entre outras instituições, pelo MTE.
Durante a apresentação, Ana Lima, coordenadora do estudo, destacou que a taxa de analfabetismo funcional caiu entre 2001 e 2009, estabilizando-se em 27%, mas voltou a subir em 2018, chegando a 29%, índice que se mantém até hoje. Entre os jovens de 15 a 29 anos, esse percentual é significativamente menor, de 16%, enquanto entre adultos de 40 a 64 anos alcança 51%.
Segundo Ana, essa diferença se explica pelo fato de a escolarização no Brasil ser um processo relativamente recente, o que faz com que a maioria dos jovens tenha concluído ao menos o ensino fundamental e muitos também o ensino médio.
“Se as habilidades exigidas pelo mercado de trabalho fossem as mesmas de 20 anos atrás, os jovens estariam muito mais preparados do que seus pais. No entanto, o trabalho muda, a sociedade muda e as demandas também mudam. Por isso, o mesmo nível de alfabetização que os pais tinham já não é suficiente para atender às exigências do mercado atual”, explicou Ana.
Para João Motta, o debate é fundamental para pensar caminhos que promovam uma sociedade mais educada e um mercado de trabalho mais inclusivo. “Os dados indicam uma correlação direta entre o nível de letramento e o acesso a empregos de qualidade: quanto maior o letramento, maiores são as chances de inserção em ocupações decentes. Por isso, é essencial integrar essas discussões e compreender como o mundo do trabalho pode influenciar positivamente o letramento e, inversamente, como o baixo letramento pode limitar o acesso e a qualidade das oportunidades profissionais”, concluiu.
Os resultados do estudo foram divididos em cinco categorias:
1. Analfabeto funcional
São pessoas que não conseguem fazer tarefas simples que envolvem a leitura de palavras e frases. Algumas até conseguem reconhecer números conhecidos, como o do telefone, o endereço ou preços, mas têm dificuldade para compreender textos básicos.
2. Analfabeto funcional – Nível rudimentar
Consegue entender informações bem simples em textos curtos e diretos, como frases e palavras soltas. Também sabe ler e escrever números comuns do dia a dia (como horários, preços e telefones), identificar o maior e o menor valor e resolver problemas bem básicos de matemática, ligados a situações cotidianas.
3. Alfabetizado funcional – Nível elementar
Consegue encontrar informações em textos um pouco maiores e fazer pequenas interpretações. Também consegue resolver contas simples com números de até mil, planejando um pouco para encontrar a resposta.
4. Alfabetizado funcional – Nível intermediário
Já consegue entender informações que não estão totalmente claras em textos de diferentes tipos (como jornalísticos ou científicos) e fazer interpretações mais complexas. Também resolve problemas que envolvem porcentagens e proporções. Esse nível também permite fazer resumos de textos, entender argumentos e comparar diferentes pontos de vista.
5. Alfabetizado funcional – Nível proficiente
É quem está no nível mais alto de alfabetismo funcional. Consegue escrever textos complexos (como mensagens, explicações ou argumentos), interpretar gráficos e tabelas com muitas informações e entender dados com medidas, escalas e comparações. Também sabe identificar o que o autor do texto quer transmitir e perceber possíveis exageros, distorções ou tendências nos dados.
Fonte: Tribuna da Bahia



