Kremlin acrescentou que não aceitará “chantagem” na nova ameaça de sanções de Washington

A Rússia afirmou, nesta quinta-feira (17), que a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de aumentar o envio de armas para a Ucrânia é um sinal para Kiev abandonar os esforços de paz.
O Kremlin acrescentou que não aceitará “chantagem” na nova ameaça de sanções de Washington.
“A linguagem de ultimatos, chantagens e ameaças é inaceitável para nós. Tomaremos todas as medidas necessárias para garantir a segurança e proteger os interesses do nosso país”. disse a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova.
Nesta semana, o líder americano anunciou uma postura mais dura em relação à guerra na Ucrânia, estabelecendo um prazo de 50 dias para Moscou chegar a um cessar-fogo ou enfrentar sanções. Os EUA também prometeram enviar mais mísseis e outras armas para Kiev.
“É óbvio que o regime de Kiev constantemente percebe tais decisões do Ocidente como um sinal para continuar o massacre e abandonar o processo de paz”, disse Zakharova em uma coletiva de imprensa em Moscou.
Maior conflito desde a Segunda Guerra Mundial
A guerra total da Ucrânia, que começou em fevereiro de 2022, levou ao conflito mais sangrento da Europa desde a Segunda Guerra Mundial, com os Estados Unidos estimando que 1,2 milhão de pessoas ficaram feridas ou mortas.
Moscou afirma ter sido forçada a iniciar a guerra para se proteger de uma Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) em expansão.
A Ucrânia e a maioria dos governos ocidentais consideram a guerra da Rússia uma apropriação de terras ao estilo colonial.
As forças russas agora controlam cerca de um quinto do território ucraniano e estão avançando lentamente, mas de forma firme, por uma vasta linha de frente, sofrendo o que os EUA acreditam serem “perdas pesadas” ao longo do caminho.
Trump, que fez do fim do conflito uma prioridade de seu governo, está ameaçando “tarifas de 100% sobre a Rússia” e sanções secundárias aos países que comprarem petróleo russo se Moscou não concordar com um acordo de cessar-fogo dentro do prazo de 50 dias.
“Um número sem precedentes de sanções e restrições foi imposto ao nosso país e aos nossos parceiros internacionais. São tantas que consideramos a ameaça de novas sanções corriqueira”, disse Zakharova.
Risco de escalada global
Tanto o presidente russo, Vladimir Putin, quanto Trump alertaram repetidamente sobre os riscos crescentes do conflito, que eles classificaram como uma guerra por procuração entre as duas maiores potências nucleares do mundo.
Os esforços dos EUA para intermediar negociações de paz entre Kiev e Moscou, no entanto, seguem estagnados.
A Rússia diz que está pronta para manter novas negociações, mas deixou claro que quer todo o território de quatro regiões ucranianas que reivindicou como seu — termos que a Ucrânia diz serem inaceitáveis.
Moscou também quer reavivar seu relacionamento bilateral com os Estados Unidos, se possível, embora as últimas ações de Trump em relação à Ucrânia tenham azedado o clima.
O líder americano voltou a dizer que estava “muito decepcionado” com Putin e classificou sua decisão de enviar mais armas para a Ucrânia como uma tentativa de levar a Rússia em direção à paz.
Negociação inflexível
A Reuters informou que Putin pretende continuar lutando na Ucrânia até que o Ocidente aceite seus termos de paz, sem se deixar abalar pelas ameaças de sanções mais duras, e que suas demandas territoriais podem aumentar à medida que as forças russas avançam.
O ex-presidente russo Dmitry Medvedev afirmou que a Rússia não tinha planos de atacar a Otan ou a Europa. Por outro lado, ele afirmou que o país deveria responder e, se necessário, lançar ataques preventivos se acreditasse que o Ocidente estava intensificando o que ele classificou como uma guerra em larga escala contra a Rússia.
“Precisamos agir de acordo. Responder integralmente. E, se necessário, lançar ataques preventivos”, disse Medvedev.
Fonte: CNN Brasil

