
Fiscalização Preventiva Integrada (FPI) do Rio São Francisco na Bahia iniciou, no último domingo (12), a 52ª etapa do programa socioeducador, com a reunião de abertura realizada na Associação Comercial e Industrial de Jacobina, no norte do estado.
A iniciativa reúne órgãos públicos, conselhos profissionais e entidades da sociedade civil em uma atuação conjunta voltada à educação socioambiental, à orientação técnica e à promoção de práticas sustentáveis nas regiões que integram a bacia do Rio São Francisco.
No dia 24 de outubro, às 8h, será realizada uma audiência pública no auditório do Colégio Municipal de Jacobina. O encontro apresentará os resultados e encaminhamentos da etapa e abrirá espaço para ouvir as demandas e percepções da população local sobre as ações desenvolvidas.
Durante o período de atuação, 27 equipes temáticas observarão diversos aspectos sociais, ambientais, econômicos e culturais em 10 municípios da região, realizando fiscalização ambiental e ações socioeducativas junto às comunidades, instituições, poder público e sociedade em geral. O trabalho busca fortalecer o diálogo entre as esferas de governo e a sociedade, promovendo o uso equilibrado dos recursos naturais e o desenvolvimento sustentável do território.
A promotora de Meio Ambiente de Jacobina, Gabriela Gomes, destacou a importância da iniciativa para a atuação local do Ministério Público: “A FPI traz mais efetividade ao trabalho da promotoria, por meio das fiscalizações e dos laudos técnicos produzidos, que embasam e viabilizam os desdobramentos. É uma oportunidade ímpar para nós, enquanto promotoria de meio ambiente, receber o programa na região e poder participar dele.”
Coordenada pelo Ministério Público do Estado da Bahia (MPBA), pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da Bahia (Crea-BA), pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) e pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco, a FPI/BA conta com a participação de mais de 50 instituições parceiras, entre órgãos de controle, conselhos profissionais e entidades da sociedade civil.
Com caráter preventivo e educativo, o programa integra esforços em defesa do Rio São Francisco, assegurando a preservação dos ecossistemas e a qualidade de vida das populações que dependem diretamente de seus recursos.
O procurador federal Marcos André Carneiro, que atua junto a populações indígenas e comunidades tradicionais na Bahia, ressaltou o valor da iniciativa: “É uma honra estar ao lado de pessoas que buscam fazer do país um lugar melhor, mudando realidades locais. Profissionais que deixam suas casas para realizar esse trabalho demonstram um verdadeiro compromisso com o bem comum. ”
Para o coordenador executivo da FPI/BA, Augusto Queiroz, o programa representa uma referência nacional de política pública integrada: “A FPI é uma importante ferramenta de trabalho social criada em 2002. Este ano, na COP30, o programa será apresentado ao mundo como uma prática recomendada para aplicação na bacia hidrográfica da Amazônia. Essa conquista é resultado da dedicação e do empenho coletivo de cada integrante da equipe.”
A promotora de Justiça e coordenadora-geral da FPI/BA, Luciana Khoury, lembrou que a iniciativa possui caráter continuado e de acompanhamento permanente: “Iniciamos os trabalhos da 52ª etapa em Jacobina, uma região onde já estivemos e onde temos empreendimentos a revisitar e compromissos firmados anteriormente a verificar. Quando estivemos aqui em 2019, encontramos cenários inaceitáveis e intervimos enquanto programa socioeducador. Hoje, esperamos constatar o cumprimento dos acordos e o avanço nas boas práticas.
De acordo com o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco, Cláudio Ademar, “o Comitê mantém uma relação de cooperação mútua com o programa FPI: apoia suas ações e, ao mesmo tempo, é por ele fortalecido. A experiência em Paulo Afonso é um exemplo claro dessa parceria, onde, após a etapa da FPI, foi possível promover um amplo processo de regularização dos empreendimentos de piscicultura. A atuação da FPI é exemplar porque responsabiliza tanto os particulares quanto os próprios órgãos públicos, estimulando que cada um cumpra adequadamente o seu papel”, afirmou, destacando que em relação à última vez que a FPI aconteceu em Jacobina, em 2019, seria importante também realizar um quadro comparativo.
“É importante comparar a etapa que ocorreu em 2019 com essa etapa de 2025, para observar os retrocessos de forma que possa possibilitar as correções necessárias e replicar os avanços”.
Sobre a FPI do São Francisco-Criada em 2002, a FPI do Rio São Francisco na Bahia é um programa coordenado pelo Ministério Público do Estado da Bahia (MPBA), pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da Bahia (Crea-BA), pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) e pelo Ministério Público do Trabalho (MPT).
De caráter multidisciplinar, a iniciativa tem como objetivos melhorar a qualidade de vida das comunidades da bacia e dos seus recursos hídricos, combater o desmatamento, a captação irregular de água, os impactos dos agrotóxicos, a extração irregular de minérios, o comércio ilegal de animais silvestres e a pesca predatória, além de atuar no gerenciamento de resíduos sólidos. Outra frente é a preservação do patrimônio arquitetônico, cultural e imaterial da bacia.
Inicialmente realizada na Bahia, a FPI do São Francisco foi expandida para os estados de Sergipe, Alagoas, Pernambuco e Minas Gerais. Em 2024, o programa foi o grande vencedor do Prêmio Innovare, na categoria Ministério Público, a mais alta honraria concedida ao Sistema de Justiça brasileiro.
O Prêmio Innovare é uma realização do Instituto Innovare, em parceria com o Ministério da Justiça, a Advocacia-Geral da União, associações jurídicas e conselhos de justiça do país, com apoio do Grupo Globo. A honraria, concedida anualmente, tem o objetivo de reconhecer e disseminar práticas transformadoras desenvolvidas no sistema de Justiça do Brasil, independentemente de alterações legislativas.
Em 2020, a FPI do Rio São Francisco já havia sido premiada pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) como o maior indutor de políticas públicas do país.
FPI Foto Ilustrativa


