5 de novembro de 2025
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35 anos do Código de Defesa do Consumidor: conquistas e novas fragilidades

Foto: Reprodução / Internet

Especialistas destacam o marco legal e a importância da educação financeira em meio ao aumento do superendividamento feminino no Brasil

O Código de Defesa do Consumidor (CDC) completa 35 anos em setembro, consolidando-se como um dos principais instrumentos de cidadania no país. Ao longo das décadas, a lei fortaleceu direitos básicos, como a informação clara e a vedação a cláusulas abusivas, garantindo transparência, segurança e qualidade na hora de escolher produtos ou serviços oferecidos no mercado.

Para a professora Flávia Marimpietri, da Faculdade Baiana de Direito, o CDC representa um marco na proteção dos consumidores. “O Código também é um importante instrumento de defesa da dignidade das pessoas que vivem em uma sociedade capitalista, pois busca proteger o lado mais fraco da relação de poder entre consumidor e fornecedor”, aponta.

O grande salto, segundo a docente, veio com a Lei nº 14.181/2021, conhecida como Lei do Superendividamento, que instituiu o direito ao crédito responsável e ao mínimo existencial. “Com ela, práticas abusivas na concessão de crédito passaram a ter regramento mais específico, garantindo maior efetividade à proteção do consumidor”, acrescenta Flávia.

 Apesar dos avanços legais, o quadro atual revela fragilidades na relação de consumo e da concessão de crédito dos brasileiros. Em julho de 2025, o país atingiu 71,37 milhões de inadimplentes, segundo CNDL/SPC Brasil, o maior nível desde 2015. Em abril de 2024, já eram 68,76 milhões de negativados, representando 41,82% da população adulta.

O recorte de gênero mostra que as mulheres concentram 51% dos registros de inadimplência no país, segundo dados da Serasa. Em Salvador, a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC/Fecomércio-BA) registrou 69,7% das famílias endividadas em julho de 2025, o maior índice desde março de 2023. O cartão de crédito continua sendo o principal vilão na hora de gastar.

Superendividamento feminino

O superendividamento nas mulheres também foi tema de um artigo publicado por Flávia Marimpietri, que é coordenadora do Projeto de Extensão Prevenção ao Superendividamento e Educação Financeira da Faculdade Baiana de Direito. No texto, a especialista aponta que mulheres são mais impactadas por fatores estruturais.

“O machismo estrutural que permeia a desigualdade salarial, a desconfiança no crédito concedido a empreendedoras, o abandono paterno que leva mães solo a assumirem integralmente os custos da família e a violência patrimonial estão na base desse fenômeno”, afirma a professora. Dados recentes em Salvador mostram que mais de 50% dos lares são chefiados por mulheres.

Educação financeira como saída

A Faculdade Baiana de Direito vem atuando nesse cenário em parceria com a Defensoria Pública da Bahia, por meio de um projeto de extensão em Educação Financeira e Prevenção ao Superendividamento. A iniciativa envolve pesquisas, oficinas e ações comunitárias que oferecem suporte às famílias em situação de endividamento.

Para a professora, além de parcerias que atendem a população mais carente, a inclusão da educação financeira desde a infância, com práticas pedagógicas que ajudem crianças e jovens a desenvolverem intimidade com orçamento doméstico e poupança, é um caminho necessário. Também são importantes a criação de linhas de crédito específicas para mulheres, a expansão de creches e cursos profissionalizantes. “São medidas que garantem autonomia e reduzem a vulnerabilidade feminina no mercado de consumo”, conclui.

Fonte: Tribuna Da Bahia

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