O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta sexta-feira, 24, que traficantes de drogas também são vítimas dos usuários

Por Felipe Frazão, do Estadão
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta sexta-feira, 24, que traficantes de drogas também são vítimas dos usuários, ao criticar a política do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de combater com Forças Armadas cartéis do narcotráfico na América Latina.
O petista sugeriu que há uma relação de sustentação entre traficantes e dependentes químicos, enquanto defendia que Trump deveria combater o uso das drogas internamente no país, em vez de promover uma ação militar externa.
“Toda vez que a gente fala de combater as drogas, possivelmente fosse mais fácil a gente combater os nossos viciados internamente. Os usuários são responsáveis pelos traficantes que são vítimas dos usuários também. Você tem uma troca de gente que vende porque tem gente que compra, de gente que compra porque tem gente que vende”, disse Lula, em entrevista coletiva em Jacarta, Indonésia.
Após a repercussão negativa, o perfil oficial do presidente se retratou nas redes sociais ao afirmar que a “frase foi mal colocada” e que mais importante que as “palavras” são as ações do governo no combate ao crime organizado.
O presidente condenou as decisões de Trump sobre operações no Mar do Caribe, com as Forças Armadas, contra barcos acusados pelos EUA de integrarem facções venezuelanas.
A operação com caças, navios de guerra e cerca de 10 mil homens é vista como uma ameaça de intervenção militar na Venezuela, e preocupa o governo brasileiro. Para integrantes do Palácio do Planalto, há risco de desestabilização na América do Sul e potencial fortalecimento da diáspora venezuelana.
Agora, Trump comparou narcotraficantes a grupos radicais terroristas, como a Al-Quaeda e o Estado Islâmico. O governo Lula rejeita a classificação de organizações criminosas como terroristas.
Lula disse que a soberania territorial de cada país e a autodetreminação dos povos devem ser respeitadas e que terá imenso prazer em discutir o tema com Trump, na reunião de domingo, dia 26, em Kuala Lumpur, na Malásia.
“Você não fala que vai matar as pessoas, você tem que prender as pessoas, julgar as pessoas, saber se a pessoa estava ou não traficando e aí você pune as pessoas de acordo com a lei”, disse Lula, em mais uma crítica à política militar trumpista. “É o mínimo que se espera que faça um chefe de Estado.”




