Dois mil e vinte, o ano da pandemia, está chegando ao fim com um detalhe singular: ninguém, entre os prefeitos, reclamou de dinheiro. A ajuda governamental com a ancoragem do estado de emergência facilitou a vida dos prefeitos e também em muitos casos plantou incertezas para o futuro.
O Ministério Público Federal avalia 1.298 denúncias de malversação, como compras superfaturadas, das quais 66 já resultaram em ações envolvendo 159 dos 417 municípios baianos.
Noutra ponta, Bolsonaro já avisou sobre a nova onda da Covid: se fecharem o comércio, não vai ter mais dinheiro. A ajuda atual vale até este mês. Ou seja, o doce acabou, embora a Assembleia tenha renovado ontem 319 decretos de calamidade pública, o que dá direito ao remanejo de verbas, a gosto.
Ano novo — Dos 417 prefeitos baianos, 187 são reeleitos e 230 novos. A previsão é que para estes a situação seja bem mais complicada. Ainda vão enfrentar um pedaço da pandemia, mas sem dinheiro. E o pior, em muitos casos com a prefeitura complicada pela herança maldita do antecessor.
Os novos prefeitos, ressalte-se, terão as receitas regulares que despencaram com a queda de arrecadação que a pandemia gerou. Ou seja, os municípios começarão o ano com receitas menores do que em janeiro deste.
É por aí que um advogado consultor da área municipalista diz que se agora na pandemia ninguém reclamou de dinheiro, 2021 vai começar com gritaria oposta.
Por Levi Vasconcelos / A Tarde